Homilia de Dom Luiz Antonio Cipolini na Homilia da Celebração Eucarística em Ação de Graças pelos 60 anos do Colégio Cristo Rei em Marília - 24 de março de 2018
Saúdo a todos os Padres aqui presentes e a cada Irmão do Instituto dos Irmãos do Sagrado Coração. Saúdo aos Religiosos e Religiosas, Colaboradores, a cada Aluno e suas famílias. Saúdo também a todos vocês queridos Irmãos e Irmãs aqui reunidos para esta santa celebração.
Convido a todos a fazer uma viagem no tempo, voltar nosso coração e nossa inteligência para o mês de março do ano de 1958, quando os Irmãos Louis Cadoret e Herman Prince, a pedido de Dom Hugo Bressane de Araújo, e com a permissão do Conselho Regional começaram a obra educativa em Marília com apenas 17 alunos. Voltando no tempo um pouco mais, ao ano de 1821, em Lyon, na França, com o Padre André Coindre, e Irmão Policarpo, fundadores do Instituto, que deixaram como herança a todos os que os sucederiam a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Sobre esta herança, deixada pelos fundadores é que nós queremos refletir agora. Qual é a função do coração no corpo humano? O coração é o motor de todo o corpo; a vida e a morte são sinalizadas por ele; ele está presente em todo o organismo e o faz vibrar com seu mesmo movimento; a ele conflui de todo o corpo o sangue corrompido de resíduos tóxicos que, purificado pelos pulmões, é reenviado para todos os membros. Portanto sua característica é movimentar tudo permanecendo humilde e escondido.
Isto se realiza também no plano espiritual. No Coração de Jesus aconteceu, pela primeira vez, lá no Calvário, como ouvimos no evangelho, a purificação de todos os pecados, a regeneração da esperança e do amor humano. “Um dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança, e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34). Para o coração aberto de Jesus, misteriosamente, convergem ainda hoje, em cada Missa, todo sangue impuro e envenenado do mundo e daí parte o fluxo misterioso do Espírito Santo que purifica, renova e alimenta todos os membros da Igreja.
Cada perdão, cada graça, cada inspiração, cada desejo de esperança e de alegria, todo impulso para a unidade que experimentamos em nossa vida cristã partem daquele centro que é o Coração de Jesus. A razão profunda é que naquele Coração, na cruz, realizou-se um ato de obediência total e perfeita que fundamentou toda a vontade de Deus; por isso Deus o exaltou e colocou a salvação de todos os homens em suas mãos.
Tiremos disto todas as consequências e digamos também que o Coração de Jesus é o “coração novo” que nos foi prometido em Ezequiel (11,19) e conferido no batismo, aquele “coração de carne” que deve tomar, pouco a pouco, o lugar do “coração de pedra” que carregamos conosco desde o nascimento e que tornamos tal por causa dos pecados. “Que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais enraizados e fundados no amor” (Ef 3,17).
Jesus Cristo, pois, eleva e enobrece a pessoa humana, dá valor à sua existência e constitui o perfeito exemplo de vida. Jesus é a melhor notícia, proposta pelas escolas católicas aos jovens. A meta que a escola católica se propõe com relação às crianças e jovens, ainda que em grau diverso, e respeitando a liberdade de consciência e religiosa dos não cristãos presentes nela, é a de conduzir ao encontro com Jesus Cristo, Filho do Pai, irmão e amigo, Mestre e Pastor.
Conforme o Documento de Aparecida, o acompanhamento dos processos educativos, a participação dos pais de família neles e a formação de docentes, são tarefas prioritárias da pastoral da educação. A família é insubstituível para a serenidade pessoa; e para a educação de seus filhos. É dever dos pais, especialmente através de seu exemplo de vida, a educação dos filhos para o amor como dom de si mesmos e a ajuda que eles prestam para descobrir sua vocação de serviço, seja na vida leiga como na vida consagrada.
Em nossos dias a escola católica é chamada a uma profunda renovação. Devemos resgatar a identidade católica de nossos centros educacionais por meio de um impulso missionário corajoso e audaz, de modo que chegue a ser uma opção profética plasmada em uma pastoral da educação participativa. Além disso, há de gerar solidariedade e caridade para com os mais pobres (DAp 337).
Parabéns aos Irmãos do Sagrado Coração de Jesus e a todos da família do Colégio Cristo Rei: Alunos, Docentes, Serventes, Diretores e Colaboradores! Que todos continuem fiéis à herança deixada por seus fundadores, isto é, ter o Sagrado Coração de Jesus como herança, referência da mentalidade e da vida. Crer, viver e propagar o sentido sempre novo da existência: o amor infinito com o qual Deus nos ama através de seu filho Jesus Cristo!